sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Reunião (e emoção) do Mãe Coruja na VI Geres

Dayse: realização profissional e pessoal com o Mãe Coruja

A reunião do Comitê Regional e profissionais dos Cantos Mãe Coruja na VI Geres até que começou de forma tradicional, na manhã desta quinta-feira (4.12), em Arcoverde. Leitura da pauta, informações sobre oficinas de segurança alimentar, definição da participação dos profissionais na comemoração de um ano do Programa no Araripe (19.12), além de vários outros temas e encaminhamentos.

Bastou o intervalo para o lanche, que tudo mudou. Após a leitura de um cartão com uma mensagem, o agradecimento de Ana Elizabeth de Andrade Lima (Bebeth) a todos os envolvidos no desenvolvimento de Programa, uma pessoa pediu a palavra. Queria falar sobre a mudança que o Mãe Coruja operou em sua vida.

Era a assistente social do Canto de Pedra, Dayse Cavalcante. Ela compartilhou com o grupo a insegurança na hora da seleção, acreditava que não seria escolhida, as dificuldades iniciais, mas relatou principalmente sua mudança interior. A mudança na visão de mundo. Antes, como assistente social, estava acostumada a atender mulheres gestantes, mas aquilo nunca a tocava muito.

"Com o Mãe Coruja, aprendi a olhar cada mulher de uma forma diferente. Agora, sou capaz de fazer tudo o que for possível para encaminhas coisas, resolver problemas", disse.

Foi um depoimento emocionado, que tocou as várias psicólogas e assistentes sociais presentes. Dayse contou um caso recente, quando foi entregar o enxoval a uma mãe, em sua moto. Na descida de uma ladeira, a moto furou o pneu. Ela foi empurrando a moto, entregou o enxoval, e só depois de muito esforço, conseguiu retornar a Pedra. Deixou para buscar a moto no dia seguinte.

A mudança interior foi compartilhada com o grupo. Dayse, até pouco tempo, tinha uma lan house, dava aulas de informática e tinha uma gráfica. Se envolveu tanto com o Mãe Coruja, que resolveu assumir sua grande paixão, que é seu trabalho como assistente social no Canto.

"Esta semana estou vendendo todos os computadores. No lugar, agora, estão os enxovais do Mãe Coruja".

Depois de 15 anos, ela voltou a estudar. Está fazendo uma pós graduação na IBPEX.

Após a manhã cheia de debates, depoimentos, encaminhamentos, a equipe da SES foi ao PSF João Pacheco Freire, onde as mulheres gestantes estavam sendo cadastradas. Após uma breve explanação sobre o Programa para as mulheres, feita por Bebeth, a equipe da Secretaria escutou o depoimento emocionado de Nilza Moreira Lourenço, grávida de três meses, que teve sua filha de dois anos e três meses levada pelo ex-marido, há três meses.

Ela contou sua vida, seu drama, entregou dados e fotografia da filha e do ex-marido, que seria foragido da Justiça, para tentar reencontrar a menina.

"Até hoje não me conformo e nunca vou me conformar", disse.

A assistente social Lilian Gomes acolheu as mulheres. Uma delas, Aline Andréa Vieira, de 19 anos, mostrou seu cartão de acompanhamento. Ela já tinha feito cinco exames pré-natal. O sexto estava marcado para esta sexta-feira (5.12). Para Bebeth, cada visita às regiões onde o Mãe Coruja está funcionando, representa um encontro com novas formas de olhar as relações, o cuidado, mudanças de atitude na relação com práticas de saúde.

"Estamos com um time de pessoas que acreditam no sonho", lembrou.

Hoje, a equipe do Mãe Coruja segue fazendo visitas em outros municípios do Sertão do Moxotó.

Por Samarone Lima
Foto: Iramarai Vilela

Um comentário:

  1. Fique feliz ao ler o que o Mãe Coruja proporcionou a Dayse, enquanto profissional, pois a conheci (atuando no CAPS de Buíque), mas sem encanto pela profissão e desestimulada... Parabéns Dayse e muito mais sucesso.
    Parabéns também ao mãe coruja por essa conquista - o resgate da auto-estima profissional dessa Assistente Social.

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