sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Santa Maria da Boa Vista - Mãe Coruja através da Secretaria do Trabalho Qualificação e Empreendedorismo realiza oficina de confecção de bonecas de pano




    De tudo ficaram três coisas... A certeza de que estamos começando... A certeza de que é preciso continuar... A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar... Façamos da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro. (Fernando Sabino)


    No dia 09 de Julho deste corrente teve início a oficina de confecção de bonecas de pano promovido pelo Programa Mãe Coruja em parceria com o Sest/Senat. 
A oficina foi finalizada no último dia 28 de julho com a realização de uma roda de conversa com a profissional do canto Girlândia César, que explanou sobre a relevância do canto formar cooperativas com os cursos já acontecidos na cidade, a participação das mulheres interessadas em eventos (feiras e stands), avaliação da atividade e retrospectiva na historia das brincadeiras e a falta de brinquedos manuais no desenvolvimento dos seus filhos. Para ilustrar a fala, a referida profissional enfatiza fatos ocasionados na sua infância com a boneca de pano.

As bonecas de pano, geralmente fabricadas com restos de lã e de pano, foram os principais brinquedos de minha infância, frutos da criatividade de minha mãe e de mulheres que faziam para vender nos bairros da cidade. Elas funcionavam como instrumentos de brincadeiras em uma época na qual eram poucos os recursos financeiros para que meus pais pudessem me presentear com um brinquedo industrializado.”

     Após a sua fala, todas as mulheres participantes sentiram-se a vontade para deixar seu registro reavivando fatos insubstituíveis também das suas infâncias:

”Brinquei com esse tipo de brinquedo e hoje fazendo as peças pra levar para casa, bateu uma saudade daquele dia que a gente sentava na calçada e começava a fantasiar ali junto com a boneca...”


“Lembro que minha mãe não tinha dinheiro também e por isso ela sempre tentava fazer pra mim a melhor boneca que conseguisse...”


“Minha filha me vendo fazer as bonecas pra trazer para o curso... também me fez ensinar a ela... na hora me emocionei porque nunca imaginaria estar junto dela construindo algo que vem de minha história.”


     Várias foram as suas falas de maneira a nos brindar com a absorção do mercado nas bonecas já confeccionadas:


“Pra mim foi uma grande alegria já sair do curso com um pedido imenso de bonecas inclusive para enxoval de quarto, pesos de portas e outros objetos que com nossa criatividade podemos fazer...”

     Hoje, investigando na comunidade em que residem, descobrimos que a maioria das mulheres já está com encomendas feitas e muitas outras a fazer. Depois de alguns dias com a oficina já finalizada, as mesmas estão se reunindo em casas de outras mulheres que estavam participaram dos ensinamentos formando as encomendas umas das outras, também buscando juntas irem além do que a oficina lhes ofereceu.

     Muitos estudiosos consideram este tipo de construção uma maneira recíproca mediante a troca de propriedades e a exposição de atos inconscientes. De acordo com Latour, 2001, é justamente nessa transferência de subjetividade, onde atos passados para o presente permite que em um pequeno espaço de tempo, possamos mobilizar forças postas em movimento.

     Assim, acreditamos enquanto profissionais que, muitas das mulheres participantes conseguiram fazer o resgate de suas próprias infâncias, a ponto de ir além do horário previsto pela empresa executora. Para tanto, penso que este encontro foi mais de que uma simples oficina de confecção de bonecas de pano, mas, um reencontro consigo mesmas.




Matéria:  Profissional do Canto Mãe Coruja em Santa Maria da Boa Vista - Girlândia César
Coordenação de Comunicação e Arte do Programa Mãe Coruja Pernambucana





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor deixe seus comentários e sugestões...